ÁCIDO ÚRICO
O conhecimento do metabolismo do ácido úrico é necessário
para entender como ocorrem as diversas doenças a ele relacionadas e para
possibilitar o tratamento adequado. Sabemos que as alterações dos níveis
séricos (relativo a soro), do ácido úrico para cima ou para baixo causam
complicações como:
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gota,
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artrite úrica,
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insuficiência renal aguda e/ou crônica,
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cálculo renal, etc.
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O ácido úrico é um produto do metabolismo das purinas (proteínas), por ação de uma enzima. Ele é um ácido
fraco e a sua forma ionizada, o urato monossódico, é a forma encontrada no
plasma humano, no líquido extra-celular e na sinóvia. A sinóvia é o líquido
viscoso, que preenche as cavidades articulares.
Os aminoácidos se decompõem no organismo em: ácidos
nucléicos, nucleotídios e bases purínicas
As purinas estão presentes nos alimentos ingeridos e também em proteínas do nosso próprio organismo
As purinas estão presentes nos alimentos ingeridos e também em proteínas do nosso próprio organismo
As purinas sofrem um processo de degradação em hipoxantina e esta se transforma em xantina. Por sua vez,
a xantina, por ação irreversível de uma enzima denominada de xantina
oxidase, se transforma em ácido úrico e este em urato de sódio. A maior
parte dos uratos são produzidos no fígado provenientes do desdobramento das
proteínas endógenas e exógenas. Vale ressaltar que a
velocidade e a quantidade de ácido úrico formado a partir das purinas dependem
da xantina oxidase, quanto maior for a quantidade desta enzima maior a formação
de ácido úrico. Há defeitos familiares, como pequena produção da enzima que,
herdados, podem influir na quantidade de ácido úrico formado.
Na evolução da nossa espécie, perdemos uma enzima produzida
no fígado, a uricase e só nos restou a xantina oxidase.
As aves, répteis e peixes que conservaram a uricase conseguem oxidar o urato em
alantoina, uma substância 80 a 100 vezes mais solúvel
que o urato e que é facilmente excretada pelo rim. Isto permite que esses
animais tenham níveis muito baixos de ácido úrico.
Assim, as enzimas humanas, transformadoras das purinas, não
são tão perfeitas como a uricase de outros animais; por isso, a taxa dos uratos
do nosso organismo está no limite da solubilidade dos uratos, que é de 6,8 mg
%, na temperatura normal do corpo humano. Os sais de urato de sódio são muito
solúveis à temperatura de 37º C, mas se depositam com facilidade nas
articulações periféricas, joelhos, tornozelos, calcanhares e artelhos do pé,
nos quais a temperatura do corpo é mais baixa, provocando inflamações. Quando o
ácido úrico é superior a 8 mg % no plasma sangüíneo, ele
pode se depositar em qualquer tecido do organismo, dependendo muito das
condições locais. Quando isso ocorre, pode surgir processo inflamatório como gota,
artrite, tofo e nefrite.
As dosagens do ácido úrico no sangue e na urina de 24 horas
são de grande valor para o diagnóstico das alterações do metabolismo do ácido
úrico. Para uma coleta sanguínea adequada de ácido úrico, é necessário um jejum
de pelo menos 4 horas antes do exame.
O ácido úrico é excretado para fora de nosso organismo pelo
rim, bile e sucos intestinais. A taxa do ácido úrico no plasma humano depende
do equilíbrio entre a absorção e produção de um lado e a destruição e excreção
de outro lado.
De uma maneira geral, o organismo humano não é capaz de
metabolizar ou destruir os uratos, por isso, para manter
equilibradas e normais as taxas de ácido úrico no organismo, é necessário que
ele seja eliminado pelo rim e/ou pelo intestino.
Por ser muito hidrossolúvel, o urato é facilmente eliminado pelo rim em quantidades de
600-700 mg/dia nas dietas normais. Num indivíduo normal, 1/3 do ácido úrico é
degradado e excretado pelo intestino e 2/3 pelo rim.
Na falência do rim, a degradação e
eliminação do ácido úrico são extremamente aumentadas pelo intestino. A
degradação é provocada pelas bactérias intestinais, que pode atingir até 80 %
da excreção diária de ácido úrico.
Quando o ácido úrico está aumentado no sangue, dizemos que há
hiperuricemia e, quando as taxas se encontram diminuídas, se diz que há
hipouricemia.
HIPOURICEMIA
Considera-se que há hipouricemia, quando o ácido úrico
plasmático é inferior a 2,5 mg%. É uma síndrome clínica assintomática com
várias causas, pouco conhecida. A hipouricemia deve ser investigada e tratada
para evitar conseqüências desagradáveis como a formação de cálculos de ácido
úrico, que ocorre pelas grandes perdas renais de uratos. A hipouricemia pode
ser primária (permanente) ou adquirida (intermitente).
A hipouricemia primária ocorre em casos hereditários ou
quando há grandes perdas de xantina pela urina (hiperxantinúria). A perda de
xantina diminui muito o material necessário para a transformação de xantina em
ácido úrico e, como conseqüência, ele está diminuído no plasma.
Na hipouricemia adquirida, o ácido úrico está muito baixo
porque é eliminado em grandes quantidades pela urina. Isto pode ocorrer pelo
uso de substâncias uricosúricas que aumentam a perda de ácido úrico pela urina
como aspirina em altas doses, benziodarona, citrato, probenecide, ácido
ascórbico, estrógenos e outros. Outro tipo de hipourecemia adquirida ocorre com
o uso indiscriminado e não controlado de alopurinol, substância inibidora da
ação da enzima xantina oxidase, que transforma a xantina
em ácido úrico.
O tratamento da hipouricemia é evitar as causas que levam à
diminuição de ácido úrico plasmático.
HIPERURICEMIA
A hiperuricemia é o termo referente ao estado sangüíneo no
qual o ácido úrico no plasma (soro) está acima de 6 mg% nas mulheres e 7 mg%
nos homens. De uma maneira geral, os homens hiperuricêmicos têm o início da
elevação do ácido úrico na puberdade, mas os sintomas clínicos surgem de 10 a 20 anos após. A
hiperuricemia ocorre em 10-15% da população acima de 40 anos. Geralmente assintomática,
a hiperuricemia está relacionada a outras doenças, como: a acidose metabólica,
alcoolismo, diabete, gota,
hipertiroidismo, policitemia, uso abusivo de diuréticos.
Também ocorre na ingesta exagerada de
proteínas (purinas) e nos exercícios extenuantes. Para explicar a razão por que
o ácido úrico está correlacionado à hiperglicemia, descobriu-se que níveis
elevados de ácido úrico aumentam a resistência de nossos tecidos à ação da
insulina. Por isso, é freqüente ocorrer hiperuricemia e hiperglicemia.
A hiperuricemia pode ocorrer por superprodução ou por
diminuição da excreção renal e intestinal de ácido úrico. A deficiência de
excreção urinária de uratos é responsável por 85 a 90% das hiperuricemias
primárias e secundárias. A hiperuricemia costuma ocorrer mais nos homens a
partir da puberdade, com maior incidência na faixa entre 30-40 anos e nas
mulheres, na menopausa. Os estrógenos aumentam a depuração do acido úrico e,
por isso, não é comum encontrar hiperuricemia nas mulheres antes da menopausa.
Tratamento da hiperuricemia
A hiperuricemia é um fator de risco para as doenças
cardio-vasculares e renais; por isso, é necessário que o ácido úrico plasmático
se mantenha normal. Para isso, é necessário que o médico procure as causas do
aumento e oriente o tratamento adequado. Pode ocorrer um ataque agudo
articular, provocando a artrite úrica (gota). Neste caso, deve-se usar
antiinflamatórios e analgésicos nas crises de dor. Quando há superprodução de
ácido úrico devem ser usadas substâncias hipourecemiantes pelo bloqueio da
enzima xantina-oxidase.
No paciente que elimina mal o ácido úrico pelo rim podem ser
usados os uricosúricos que aumentam a excreção renal de uratos. Com a
diminuição da produção e aumento da excreção dos uratos, se faz a profilaxia
das recorrências de artrite, gota, nefrite e cálculos renais. Há fatores
predisponentes que devem ser excluídos como:
o uso abusivo e constante de álcool, dietas inadequadas e
medicações que diminuem a excreção urinária de uratos como, diuréticos, antinflamátorios
e outros.
Um ponto fundamental do tratamento é manter o ácido úrico
abaixo do normal por um tempo nunca inferior a 6 meses para que os uratos sejam
desmobilizados dos tecidos e ossos, evitando a deposição dos cristais
A dieta é um item importante do tratamento do ácido úrico,
mas não o único. Os alimentos não recomendados e que devem ser evitados pelos
pacientes com hiperuricemias são aqueles ricos em purinas, como: as
carnes, miúdos (fígado, coração, língua
e rins), frutos do mar como as sardinhas, arenque, anchova, mexilhão, camarão e
ovas de peixes. Certos grãos como feijão, grão de bico, ervilha, lentilha e
grãos integrais têm muita purina e devem ser evitados.
Para finalizar, cabe dizer que toda a dieta, por melhor que seja, só pode reduzir em 25% os valores plasmáticos do ácido úrico. Isso ocorre em aproximadamente 10 dias após o início da dieta.
Para finalizar, cabe dizer que toda a dieta, por melhor que seja, só pode reduzir em 25% os valores plasmáticos do ácido úrico. Isso ocorre em aproximadamente 10 dias após o início da dieta.
Creatinina
A creatinina é um produto da degradação da fosfocreatina (creatina fosforilada) no músculo, e é geralmente produzida em uma taxa praticamente constante pelo corpo — taxa diretamente proporcional à massa muscular da pessoa: quanto maior a massa, maior a taxa.Através da medida da creatinina do sangue, do volume urinário das 24 horas e da creatinina urinária é possível calcular a taxa de filtração glomerular, que é um parâmetro utilizado em exames médicos para avaliar a função renal.
Fisiologia:
Ela é filtrada principalmente nos
rins, embora uma
pequena quantidade seja secretada ativamente. Existe uma reabsorção tubular da
creatinina, mas ela é compensada pelo forte grau equivalente de secreção
tubular. Se a filtração do rim está deficiente, os níveis sanguíneos de creatinina aumentam.
Este efeito é usado como um indicador da função
renal. Entretanto, em muitos casos de disfunção renal severa, o nível de
remoção de creatinina estará "superestimado" porque a secreção ativa
da creatinina irá contribuir por uma grande fração da creatinina total que é
removida. Os homens tendem a ter níveis
de creatinina mais altos porque eles possuem uma massa de músculo esquelético maior que a das mulheres.
Uso para diagnóstico:
A medida da concentração de
creatinina no soro sanguíneo é um teste simples usado como o principal
indicador da função renal. Um aumento nos níveis de creatinina no sangue é
observado somente quando há um dano aos néfrons
funcionantes. Logo este teste não é adequado para detectar uma doença
renal em seu estágio inicial. Uma estimativa melhor da função renal é dada
pelo teste de depuração de creatinina. A depuração (clearance)
de creatinina pode ser calculada precisamente usando a concentração de
creatinina no soro sanguíneo e alguns ou todas as seguintes variáveis: sexo,
idade, peso e raça. Alguns laboratórios irão calcular a ClCr se solicitada pelo
médico; e, a idade, sexo e peso necessários estarão incluídos na ficha de
informação do paciente.
Interpretação:
A referência típica para mulheres
é considerada 0,5 a
1,0 mg/dL (cerca de 45-90 μmol/l), para homens 0,7 a 1,2 mg/dL (60-110
μmol/l).Mais importante que níveis absolutos de creatinina é a evolução dos níveis sorológicos de creatinina ao longo do tempo. Um nível crescente indica dano renal, enquanto um nível decrescente indica melhoria das funções dos rins.
O tratamento, quase sempre é feito tratando-se a disfunção renal que, provoca uma retenção de creatinina e seu aumento no sangue.
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