quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Aula de Farmacologia - Intoxicação por organofosforados


A atividade parassimpática muscarínica aumentada devido à intoxicação colinérgica causa aumento das secreções glandulares (salivação, lacrimação, vômitos, incontinência urinária e diarréia). Aumento das secreções brônquicas, broncoespasmo e bradicardia são potencialmente fatais. Miose ocorre em mais de 2I3 dos casos. A prioridade no tratamento dos sintomas parassimpáticos é a diminuição das secreções pulmonares que podem causar edema pulmonar fatal. Isso é obtido com o uso do agente antimuscarínico atropina. As doses intravenosas de atropina são iniciadas em 3 a 5 mg para adultos e 0.05 mgIKg para crianças e devem ser repetidas a cada 3 a 5 minutos até o desaparecimento das secreções pulmonares. Taquicardia não é uma contra-indicação para o uso da atropina. Doses superiores a 1000 mg em 24 horas podem ser necessárias. Alternativamente à administração intermitente, pode-se usar infusão contínua de atropina na dose de 0.02 a 0.08 mgIKgIh após bolo inicial.
Embora os efeitos parassimpáticos dos organofosforados sejam facilmente reconhecíveis, em intoxicação leves manifestações adrenérgicas decorrentes de estimulação do sistema nervoso simpático podem prevalecer. Isso ocorre provavelmente pela estimulação excessiva dos receptores nicotínicos pré-ganglionares nas fibras nervosas e glândula adrenal. Portanto, midríase e taquicardia podem ocorrer em vez das clássicas miose e bradicardia.
O excesso de estimulação nicotínica na junção neuromuscular é responsável pelas fasciculações e pelo bloqueio neuromuscular causando fraqueza. A paralisia pode afetar os músculos respiratórios necessitando ventilação mecânica. Insuficiência respiratória é a principal causa de morte na fase aguda da intoxicação. Em modelos animais, altas doses de organofosforados também podem causar depressão do centro respiratório bulbar. O relaxante muscular succinilcolina deve ser evitado em pacientes intoxicados com organofosforados devido ao seu metabolismo ser feito pelas colinesterases, enzimas que estão bloqueadas pelos organofosforados.
A atropina não é efetiva contra os efeitos nicotínicos dos organofosforados, principalmente a fraqueza muscular. Para esse fim, recomenda-se o uso de pralidoxima. Ela age removendo o grupo fosforil da enzima colinesterase inibida, provocando a reativação da enzima. A dose utilizada é 30 mgIKg em bolo seguido de infusão de 8mgIKgIh ou mais em intoxicações mais severas. O tratamento deveria continuar até que a fraqueza e as fasciculações acabem. Se os sintomas retornarem após interrupção da droga, novo bolo seguido de infusão contínua deve ser feito.
As convulsões induzidas por organoclorados devem ser tratadas com atropina e benzodiazepínicos.

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