A atividade
parassimpática muscarínica aumentada devido à intoxicação colinérgica causa
aumento das secreções glandulares (salivação, lacrimação, vômitos,
incontinência urinária e diarréia). Aumento das secreções brônquicas,
broncoespasmo e bradicardia são potencialmente fatais. Miose ocorre em mais de
2I3 dos casos. A prioridade no tratamento dos sintomas parassimpáticos é
a diminuição das secreções pulmonares que podem causar edema pulmonar fatal.
Isso é obtido com o uso do agente antimuscarínico atropina. As doses
intravenosas de atropina são iniciadas em 3 a 5 mg para adultos e 0.05 mgIKg para
crianças e devem ser repetidas a cada 3 a 5 minutos até o desaparecimento das
secreções pulmonares. Taquicardia não é uma contra-indicação para o uso da
atropina. Doses superiores a 1000 mg em 24 horas podem ser necessárias.
Alternativamente à administração intermitente, pode-se usar infusão contínua de
atropina na dose de 0.02 a
0.08 mgIKgIh após bolo inicial.
►Embora os efeitos parassimpáticos dos organofosforados
sejam facilmente reconhecíveis, em intoxicação leves manifestações adrenérgicas
decorrentes de estimulação do sistema nervoso simpático podem prevalecer. Isso
ocorre provavelmente pela estimulação excessiva dos receptores nicotínicos
pré-ganglionares nas fibras nervosas e glândula adrenal. Portanto, midríase e
taquicardia podem ocorrer em vez das clássicas miose e bradicardia.
► O excesso de estimulação nicotínica na junção neuromuscular é responsável pelas
fasciculações e pelo bloqueio neuromuscular causando fraqueza. A paralisia pode
afetar os músculos respiratórios necessitando ventilação mecânica.
Insuficiência respiratória é a principal causa de morte na fase aguda da
intoxicação. Em modelos animais, altas doses de organofosforados também podem
causar depressão do centro respiratório bulbar. O relaxante muscular
succinilcolina deve ser evitado em pacientes intoxicados com organofosforados
devido ao seu metabolismo ser feito pelas colinesterases, enzimas que estão
bloqueadas pelos organofosforados.
► A atropina não é efetiva contra os efeitos nicotínicos dos
organofosforados, principalmente a fraqueza muscular. Para esse fim,
recomenda-se o uso de pralidoxima. Ela age removendo o grupo fosforil da enzima
colinesterase inibida, provocando a reativação da enzima. A dose utilizada é 30
mgIKg em bolo seguido de infusão de 8mgIKgIh ou mais em
intoxicações mais severas. O tratamento deveria continuar até que a fraqueza e
as fasciculações acabem. Se os sintomas retornarem após interrupção da droga,
novo bolo seguido de infusão contínua deve ser feito.
► As convulsões induzidas por organoclorados devem ser tratadas com atropina e
benzodiazepínicos.
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